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Rabo de Akira eps Final '130'

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Shizukana-Yume's avatar
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Tão logo senti o sangue espirrando em minha face pensei "realmente, a fé á capaz até de bloquear os impulsos dolorosos que esta facada causou em mim", entretanto havia algo estranho, pois após as primeiras gotas não senti sangue escorrendo! Em seguida ouvi um "ohhhhh" de admiração vindo do publico que, apesar de isolados de nós, assistia ao espetáculo; decidido a descobrir o que acontecia abri meus olhos.

A cena mais chocante de toda minha vida estava perante meus olhos, após o burburinho de admiração não se podia ouvir um único ruído naquela praça; em seguida notei que havia uma ponta ensangüentada de adaga a poucos centímetros de mim, entretanto ela estava atravessando uma pata nekomimi com pelos pretos! Antes mesmo de poder dizer algo, Akira lentamente foi baixando tanto a pata perfurada ainda conectada com a arma como a que a segurava, algo impossível mostrou-se perante mim; Akira chorava, todavia apenas o olho do lado da pata que estava machucada deixava lágrimas saírem enquanto o outro estava seco e tinha um olhar diferente, foi então que ouvi a nekomimi dizer:

- O que você está fazendo Akira?!?! – uma voz madura de mulher perguntou, saindo da boca da nekomimi.
- N... Não... era isso... que eu... queria... – as lágrimas que saiam do olho aumentaram – queria... apenas... que o querido... soubesse... o quanto... ele me feriu... sofresse sim... mas... mas... – lentamente tirou a pata esquerda da adaga, cuja pata direita segurava – matar... não...
- Akira-chan! – exclamei, no exato momento em que algo em minha mente aconselhou-me a ficar quieto por alguns instantes.
- Mas... eu senti que desejava se vingar!!! – a voz respondeu, continuando – se não quer matá-lo, o que iria fazer com ele?!?!
- Se ele... admitisse que tinha me machucado... ia machucar o coração dele... depois... perdoar... fazer tudo voltar ao normal... – balançou a cabeça de um lado para o outro – p... pois... não... posso matar... o pai... da minha... filha...
- Então ele mata sua mãe, faz seu pai se matar e te escraviza e no fim vai deixar isso barato? – a voz perguntou, como se estivesse conversando com outra pessoa – o que vai ser de mim filha?!?!
- E... Eu... não sei mamãe! – Akira respondeu, soluçando enquanto o seu choro ficava ainda mais forte – m... mas não me peça... para matar... meu querido... já basta!!! Eu já consegui... o que queria... – deu então vários passos para trás, se afastando de mim e ficando a quase dez metros de distância.
- E o que você queria?!?! – foi então que entendi que Akira falava diretamente com a própria Mitsuki.
- Ter certeza... que o querido... não estava mentindo... – Akira olhou para mim então – ele pode ter cometido um erro sim... mas para ele encarar a morte... de maneira tão integra assim... eu conheço meu querido... ele... ele... não enfrentaria a morte se não estivesse plenamente seguro de seus sentimentos... por isso mamãe... me peça qualquer coisa... menos ferir mais meu... amado... – chacoalhou a cabeça – pois isto eu não... conseguirei fazer!
- Maldita criança que saiu de meu ventre! – vociferou Mitsuki, fazendo toda a fisionomia de Akira mudar para o ódio – até você me trairá desta forma?!?! Então já que não conseguirá fazer minha vontade eu mesma o farei! – passou então a correr em minha direção com adaga em pata pronta para atacar-me, porém algo aconteceu quando ela se encontrava a aproximadamente dois metros.
- NÃO MAMÃE!!! – a face subitamente retornou para de Akira, que com a pata machucada agarrou a que segurava a adaga e, utilizando de extrema força, dirigiu-a até a perna direita dela, atravessando-a totalmente, saindo do outro lado.
- AKIRAAAAAAAAA-CHAAAAAAAN! – gritei tão logo vi isto acontecer, com horror em minha face, começando a me debater ainda preso pelas algemas e correntes.
- AAARRRGGGGHHH! – a face de Mitsuki retornou brevemente, tão logo sentiu a adaga penetrando-lhe o lado que controlava de Akira – p... por que fez isto com sua mãe Akira?!?!
- P... Por que eu... amo meu querido! – ao ouvir isto meu coração se encheu de esperança – n... não vou deixar... que ninguém... faça mal... a ele! – a convicção de Akira era tangível a sua volta, apesar do sangue que escorria pela pata e perna dela.
- Não me diga que realmente foi enganada pelo manipulador ali?!?! – Mitsuki respondeu, olhando-me com ódio no olhar - nunca deixarei minha amada filha ser enganada por alguém como ele! Não poderá me conter para sempre meu pequeno tesouro, entenda que estou fazendo isso para seu bem! – levantou novamente apesar da imensa dor que devia estar sentindo, olhou-me com olhos de ódio para mim e disse – Montecchio Richard, não descansarei até que não estejas mais entre os vivos... – foi então que notou que a outra pata de Akira tinha agarrado a que segurava a adaga e lentamente a elevou acima da cabeça.
- M... Mamãe... se o que você diz... é verdade... e... então... para... – Akira olhou para mim com aqueles olhos que sempre teve quando estava feliz comigo – proteger... meu querido... acabarei... com minha... vida...
- O QUE?!?!?! – perguntei, rezando para o que eu ouvi tivesse sido um engano – AKIRA-CHAN!!! NÃO PODES FAZER ISTO!!!
- V... Vai se matar filha?!?! – Mitsuki perguntou, com uma voz de incredulidade, gargalhando em seguida por meio de minha amada nekomimi – bem... talvez não seja tão ruim, já que pela cara do Richard – apontou então para mim – isto será uma boa vingança também!!!
- QUE DROGA! – gritei, debatendo-me ainda mais com as correntes que prendiam meus pulsos impedindo-me de fazer alguma coisa – NÃO AKIRA! PARE! SEI QUE PODEMOS PENSAR EM UMA SOLUÇÃO JUNTOS!
- Q... Querido... – Akira olhou-me nos olhos, sorriu da maneira doce que sempre fazia para mim e despediu-se – c... cuida do meu povo... tão bem como eu o faria... confio em... ti... – rapidamente levando a adaga em direção do meio de seu peito.
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOO! – gritei tão logo notei o intento de minha nekomimi, "Por São Miau! Não deixa algo acontecer com minha amada!" e tentei, de todas as maneiras possíveis, alcançar minha pequena nekomimi.

Pareceu-me que o tempo parou em seguida, como se apenas Akira e eu existíssemos no mundo, queria de toda forma alcança-la, só de imaginar aquela adaga penetrando o peito de minha amada era o suficiente para fazer todo e qualquer musculo meu tentar fazer algo; creio ter ouvido um som metálico e, quando me dei conta, estava segurando com minha mão direita as patas da nekomimi, estando a arma a milímetros de perfurar o peito dela, sem nem pensar duas vezes dei um forte puxão que não só retirou a adaga da possessão dela como a arremessou de costas ao chão a cerca de um metro de mim; observei melhor o que aconteceu e vi que tinha, de alguma forma, partido a algema que me prendia o respectivo braço, pensava em como me livraria do outro quando ouvi a voz de Mitsuki:

- V... Você se livrou... da algema... – ergueu-se o suficiente para ficar sentada com os braços apoiados no chão – o... que... vai... fazer... – senti muito medo em sua voz.
- O que irei fazer...? – murmurei para mim mesmo, enquanto olhava para a algema – o que deveria fazer neste momento? – com precisão cirúrgica parti a outra algema com um golpe do cabo da adaga, deixando-me completamente livre – o que tu achas que deveria fazer? – comecei a caminhar lentamente em direção de Mitsuki incorporada totalmente em Akira.
- P... Por favor... n... não me machuque... – Mitsuki tentou primeiro se levantar, mas os machucados da pata e perna a impediram então ela começou, ainda olhando para mim, arrastar-se para trás abaixando as orelhas de gato em seguida – e... eu imploro... não me machuque... de novo...
- Machucar? – perguntei calmamente, vendo na incorporada Mitsuki nada mais do que uma criança assustada – não pretendo fazer isto de maneira alguma, entretanto... – cheguei a um passo de distância dela e fiquei de cócoras, colocando a adaga no chão e pisando nela – peço que saia e deixe Akira viver em paz... não notaste que fazer isto com a pobre da garota está mais machucando a ti do que ela? Que ficar presa ao ódio apenas trará maus frutos para ti?
- A... Apesar destas palavras doces... - Mitsuki respondeu, olhando-me desconfiada – deseja apenas confie em você e deixe Akira para que, tão logo isto aconteça, você faça exatamente o que pretendia, não confio em ti e nunca confiarei! – ela falou decididamente, entretanto sentia que lentamente o ódio estava desaparecendo, ficando apenas a não confiança em alguém e instinto protetor da filha.
- Hmmm... – pensei por alguns instantes, levantei-me e me afastei de Mitsuki – eu lhe imploro Mitsuki, deixe Akira livre de sua influencia – curvei-me e implorei do fundo do meu coração -  pela felicidade dela eu peço! Por favor, deixe Akira ser feliz!
- Não importa o que diga... – Mitsuki respondeu, corando levemente e desviando o olhar – enquanto você viver, tentarei meu melhor para separá-los.
- Não mudará de opinião de maneira alguma? – perguntei, perdendo o que me restava de esperança.
- Não importa o que faça ou diga, minha resposta continuará sendo não... – Mitsuki respondeu, encarando-me decididamente, entretanto já não sentia vindo dela ódio algum.

A partir daquele momento toda a esperança de resolver isto definitivamente esvaiu-se completamente, visto que aparentemente Mitsuki não deixaria Akira livre para viver normalmente enquanto eu vivesse; olhei para ela incorporada em minha pequena nekomimi e tudo borrou a minha volta, fazendo-me enxergar de forma confusa e desordenada toda a dor e sofrimento que ela passou desde o dia que soube estar com uma doença terminal, até aquele momento em que nos encontrávamos.

Foi então que o que tanto Enmie quanto o nekomimi que me visitou na cadeia disseram para mim veio-me a cabeça "Quem mais precisa de ajuda é o espírito obsessor e não o obsidiado"; notando o quanto tinha errado em lidar com esse problema; o tempo parou a minha volta e pude pensar bastante a respeito disto, então olhei para o chão e foi então que notei que me encontrava ainda tinha a adaga embaixo do meu pé, neste exato momento descobri o que deveria fazer para solucionar esta situação, por isso eu disse tão logo o tempo pareceu voltar a correr:

- Bem, na realiadade, eu me sinto extremamente inútil... – suspirei profundamente, por não ter maneira melhor para ajudá-la – embora a Akira-chan... ou melhor… a Mitsuki-san esteja sofrendo tanto... não fui capaz de fazer coisa alguma por ti... – olhei então para Mitsuki incorporada na Akira – queria poder fazer algo para que ti e aliviar tua dor...
- Mas honestamente eu não sei como... o que eu posso fazer para falar a verdade? O que eu posso fazer pela Mitsuki-san? – virei-me de costas e contiuei – estive pensando nisto um bom tempo entre ontem e hoje... – olhei então para o gélido céu azul que estava pairando acima de nós naquele momento – no final, não encontrei resposta alguma...
- Mas nunca vou deixar que a Akira morra... – deixei de olhar o céu e, lentamente, voltei a olhar para Mitsuki – não importa o que aconteça comigo...
- Richard... –san... – Mitsuki disse, como se sondasse o significado de minhas palavras.
- Não consegui pensar em outra coisa... – falei, tendo a certeza de que faria isso, virando minha mão esquerda de modo que a palma estava virada para cima – só em algo desta natureza... - coloquei a lâmina da adaga que estava em minha mão direita em cima de meu pulso esquerdo.
- Richard-san! – Mitsuki exclamou em voz alta abrindo os olhos completamente, como se não acreditasse no que via, levantando-se apesar da dor.
- Quero que Akira-chan viva, não importando o que acontecerá comigo... – falei, mais seguro dos meus sentimentos que qualquer vez que tinha falado em minha vida – por isto, irei apenas te forçar a sair da Akira-chan...
- AH! – Mitsuki deixou um pequeno grito de espanto sair de sua boca, dando um passo para frente, mas não mais que isto.
- Eu amo a Akira-chan... – eu disse, colocando em minhas palavras todos os sentimentos que tinha pela pequena, tão logo ouviu isso a nekomimi tremeu – e meu amor nunca vai morrer... – e, pressionando a lâmina da adaga com muita força contra meu pulso abri-o com extrema habilidade, falando enquanto fazia isso – mesmo que isso signifique colocar minha própria vida em risco...

Um grito estridente e agudo de Akira cortou o ar naquela praça que, apesar de ter mais de dez mil indivíduos nela, estava silenciosa; tão logo a lâmina terminou o serviço para a qual a utilizei, senti uma dor finíssima em meu pulso, e a normal sensação do sangue correndo por minhas artérias logo após uma seção de exercícios, todavia tão logo chegou ao pulso saiu um grande esguicho que sujou minha face e roupa, rapidamente o liquido vital começou a pingar no chão, a perda súbita de pressão fez-me ficar tonto; então cai ajoelhado, neste instante ouvi a minha amada gritando:

- QUERIDO! QUERIDO! – ouvi as patas dela correndo em minha direção, mesmo com a ferida em sua perna – idiota! O que pensa que está fazendo? – Mitsuki disse, no tanto Akira retornou rapidamente, pegou meu braço que sangrava e o ergueu acima de minha cabeça em uma vã tentativa, visto que o cortara perfeitamente, de fazê-lo parar de sangrar – Rápido! Vamos procurar ajuda!
- Mitsuki-san, eu sou... – olhei para Akira e apesar dela estar quase livre do julgo de, a julgar pela aura negra em volta de si, continuei falando – um idiota... pois... não consegui pensar em outra coisa... – Akira balançava a cabeça de um lado para o outro, despejando muitas lágrimas em seu choro.
- Eu sei... – continuei falando, colocando minha mão sobre a pata de Akira que segurava meu braço – exatamente como está se sentindo Mitsuki-san... mas por favor... deixe-me dizer isto... – olhei-a diretamente nos olhos em seguida – O que a Mitsuki-san realmente queria? Lembre-se... por que levaste a pequena Akira-chan para o Leandro?
- Era para ela viver como a líder e a rainha de todos os nekomimis? – lágrimas começaram a sair junto com as palavras que vinham do fundo de meu coração – ou era apenas para ela continuar... vivendo? Não era para ela continuar... sorrindo mesmo depois que tu partiste por causa da doença?
- E... Eu... – Mitsuki respondeu, como se pensasse na resposta.
- Ver a Akira-chan sofrendo desta maneira é algo que... – a tontura começava a aumentar, devido a perda de sangue – tenho certeza nem eu nem a Mitsuki-san queremos... por isso... – comecei a pender para o lado, já quase sem forças.
- Não morra querido! – Akira gritou, abraçando-me e impedindo que eu caísse.
- N... Não... – mesmo quase no meu limite, estava decidido a falar tudo o que sentia naquele momento – não importa como... devo aparentar ser por fora... eu... não consigo viver sozinho... – ameacei tombar novamente.
- QUERIDO! – Akira abraçou-me ainda mais forte.
- Se eu estiver... sozinho... – apesar da fraqueza, ergui minha cabeça e a olhei nos olhos – virarei um cadáver em menos de duas semanas...
- Querido, agüente! – Akira gritava e chorava, segurando-me bem perto a si – Querido!
- A Akira tem... que... ficar comigo... por que... sem ela... ao... meu... lado... fico... per...dido... – a minha visão borrou e lentamente tudo ficou escuro a minha volta.

Não sei como ou por que, apenas que quando abri meus olhos novamente encontrava-me de pé, tudo a nossa volta parecia parado com exceção de uma já adulta nekomimi que parecia uma versão ampliada da Akira e se encontrava exatamente atrás dela, estava chorando profusamente, notei que minha pequena nekomimi ainda me abraçava, ou melhor, o que deveria ser meu corpo visto que ainda encontrava-se no chão, com o que restava de minha vida se esvaindo, um fio prateado conectava o corpo até o meu eu "espiritual"; intrigado pelo motivo que a Mitsuki chorava, perguntei:

- Pronto Mitsuki, aqui estou! – curvei-me em seguida, entregando-me completamente – entrego-me completamente a sua mercê, peço apenas que deixe Akira livre... - foi então que notei que que a nekomimi começou a chorar ainda mais, soluçando como se fosse uma criança que acabara de ser repreendida, intrigado perguntei - por que choras? Não era isto que mais desejava?
- É que... É que... - Mitsuki respondeu balançando a cabeça, mal conseguindo deixar as palavras sairem - eu fiz... eu fiz... minha filhinha... passar... o mesmo... que o meu amado... Leandro...
- Como assim Mitsuki? - perguntei confuso, sem saber ao que ela se referia - ter-me longe de Akira não era teu objetivo? Como podes ter feito Akira passar pelo mesmo que o Leandro passou?
- Richard-san... eu estava enganada! Desde o dia que fui morta brutalmente desejei apenas duas coisas, proteger a minha filhinha para que ela pudesse ser feliz, e acabar com a pessoa que mandou me matar daquela maneira... até o dia em que em que Akira foi sequestrada em sua casa pelos extremistas nada sabia sobre o mandante - Mitsuki baixou suas orelhas, olhando para o chão já mais controlada, apenas fungando continuou - quando a minha tia... a Livía veio dizendo que você deu a ordem por que desejava tomar o poder, eliminar nossa raça e depois despojar-se de meu tesourinho...
- Mitsuki-san... – respondi, erguendo o rosto dela pelo queixo e olhando-a nos olhos – posso te garantir, por causa da eminente morte da pessoa que me criou e descobri que ser minha bisavó, tomei uma decisão muito infeliz admito, que culminou com sua morte horrenda e o suicídio do meu melhor amigo, que para mim era como um irmão... mas asseguro-te que nunca tive por intenção causar mal intencional para alguém... principalmente para a pessoa que seria minha sogra e, caso não estivesse doente... seria como minha mãe...
- Eu sei! Agora sei disto Richard-san! – Mitsuki respondeu, olhando-me no fundo dos olhos – quando cortou seus pulsos, não hesitou nem por um instante! Pude ver e sentir que amava minha Akira do fundo de seu coração e que faria qualquer coisa para progê-la! – voltou a chorar – e quando ela correu até você após vê-lo fazer aquilo senti nela o mesmo que eu sentia pelo Leandro e em ambos vocês a mesma relação que tinhamos! – balançou a cabeça desesperada – e para salvá-la preferiu morrer e agora ela verá o amor da vida dela morrer sem poder fazer nada, assim como o Leandro!!!
- Isto é fato... – respondi, pensando em como poderia consolar a Mitsuki, foi quando tive a ideia – mas agora que sabes a realidade, por que não esquecer o ódio e a mágoa que tomou teu ser e recomeçar? Posso proteger a pequena se é isto que te preocupa, pois a amo e é o mínimo que poderia fazer para compensar o mal que te fiz quando eras viva...
- M... Mas o que eu poderia fazer agora? Eu... eu me sinto tão perdida... estou tão... sozinha... – apontou para si, foi então que notei que as marcas do assassinato ainda encontravam-se em sua cabeça – estou feia... quem vai... querer uma nekomimi no estado que me encontro? Para piorar... ver o amor de vocês dois... que tanto lembrou o meu com o Leandro... fez-me... sentir saudades... queria tanto vê-lo...
- Bem... neste caso... – pensava no que responder quando um globo de luz apareceu atrás de Mitsuki, instantaneamente sabia quem era aquela entidade, por isso continuei – não gostaria de voltar a se encontrar com o Leandro e estar ao lado dele novamente?
- OH! – Mitsuki exclamou, corando profundamente, gaguejando como uma menina apaixonada – c... claro... mas... eu estou... horrível... e fiz coisas... muito más... não acho... que ele ira querer... alguém como eu... de volta...
- Mitsuki-san... se o Leandro fosse feio, deixaria de amá-lo? – ao que Mitsuki apenas respondeu "não", corando ainda mais – agora que sabe que erraste, faria novamente o que fez?
- NÃO! – Mitsuki respondeu energicamente – deixaria você ficar com minha filha! Pois tenho certeza que a faria muito feliz... e não gostaria de fazer novamente algo que quase destruiu nosso lindo mundo!
- Então acho que sim – a luz arás de Mitsuki disse, materializando-se na forma do meu melhor amigo, o Leandro – amaria tê-la ao meu lado minha querida, faz muito tempo que a espero, a saudade aperta meu coração!
- L... L... L... – as orelhas da Mitsuki levantaram-se instantaneamente, fazendo as lágrimas correrem novamente por seus olhos, lentamente se virou e notou que, efetivamente, era o Leandro que lá se encontrava  - Leandro?!?!?! QUERIDO! Senti tanto sua faltaaaaaa! – correu e o abraçou o amado, fazendo até algumas lágrimas rolarem por meus olhos, devido a emoção.
- Quanto tempo Leandro... – eu disse, pesaroso e envergonhado de olhar para meu amigo após tudo o que fiz ele passar – peço que me perdoe caro amigo... creio que por um grave erro, acabei destruindo o que jurei proteger! Por um erro meu... acabei mandando matar o amor de tua vida e escravizando tua filha... – curvei-me envergonhado em seguida – bem aqui estou, podes fazer comigo o que quiser, estou preparado para tua vingança!
- Eu? Vingar-me de ti Richard? – Leandro respondeu, dando uma curta risada – tu cometeste um erro que custou a todo o mundo a paz que lhe estava destinado e agora cometeu suicídio... não preciso fazê-lo, o coletor de almas do inferno que está atrás de ti o fará, levando-te para o tormento eterno! – apontou então para minhas costas.
- O QUE?!?! – exclamei assustando-me instantaneamente – S... S... SÉRIO?!?! – virei-me rapidamente chegando a cair sentado no chão, tão logo olhei melhor, notei que não havia ninguém atrás de mim.
- AHAHAHAAH! Mesmo depois que eu desencarnei ainda continuo te enganando! – Leandro exclamou rindo, da exata mesma maneira que costumava quando era vivo – Richard, apesar de ter ficado demente e inicialmente acreditar que foste o responsável pelo que ocorreu, ainda em vida notei que não tiveste intenção de causar tudo isto... por isto te perdoei... de mim não precisas temer nada!
- Isto significa... – comecei a perguntar, enchendo-me  de esperanças em seguida – que eu posso seguir, convosco agora... que não tenho para onde ir? – foi então que notei que o fio prateado que ligava meu "eu" espiritual ao meu corpo estava tão fino quanto um fio de cabelo.
- Creio que não Richard – Leandro respondeu, fazendo-me ficar triste quase instantaneamente, notando isto ele continuou – não por que não me agrada a tua companhia ou não goste de ti – apontou então para a Akira que estava tão congelada no tempo como meu corpo, continuando – mas por que não será possível para ti ficar conosco, talvez minha amada filha tenha outros planos!
- Como assim? – perguntei olhando para a direção que ele apontou, no exato momento em que o tempo voltou a correr lentamente, fazendo-me assistir o que ocorria de fora de meu corpo.
- QUERIDO! QUERIDO! – Akira chacoalhava meu corpo, tentando fazer-lo despertar – NÃO, QUERIDO! ABRA OS OLHOS! – gritava cada vez mais alto, sua voz ecoava pela praça que assistia em completo silencio – NÃO MORRA! NÃO MORRA! QUERIDO... – foi então que aconteceu, a pequena abraçou-me no exato instante que o fio de prata desapareceria completamente, gritando extremamente alto com toda a força que tinha em seu corpo – NÃO MORRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!

Neste instante o milagre aconteceu, algo parecido com uma explosão aconteceu só que a onda de choque foi proveniente de uma energia rosa que não machucava, muito pelo contrário, fazia sentir uma calma, paz e tranqüilidade que nunca havia sentido antes em minha vida; tudo encheu-se daquela cor e em seguida branco ficando preto após isto; não conseguia ouvir nem ver nada, ficava pensando que talvez tivesse morrido, entretanto senti algo molhado e quente em minha face e alguém sussurrando "Querido...", um calor extremamente confortável invadia meu ser, lentamente sentia meus olhos recuperando as forças e pouco a pouco os abri.

A minha visão estava borrada ainda e por isso não conseguia dizer com certeza o que acontecia, apenas sentia o calor dentro de mim e patas me segurando em um abraço confortável; tão logo consegui focar minha vista notei que Akira brilhava rosa e deixava as lágrimas correrem por sua linda face, olhei para meu pulso e uma pequena esfera de energia rosa pairava sobre onde anteriormente havia o corte que a adaga causou, que rapidamente cicatrizava-se e fechava; instantaneament entendi que Akira tinha feito o terceiro sinal acontecer, onde devido o amor, tinha manifestado os dons de Mewsus, sorri gentilmente para ela e docemente disse:

- Akira-chan, bom dia!
- Bobo! – respondeu Akira, sorrindo e limpando as lágrimas com as patas, inclinando-se e beijando-me nos lábios, enchendo-me de sentimentos e calor.

Passamos longos minutos nos beijando, queríamos recuperar todo o tempo que perdemos nestes últimos meses demonstrando todos nossos sentimentos que, até aquele momento, não tínhamos sido capazes de mostrar; porém tínhamos algo mais importante para resolver, o que faríamos dos nekomimis? Olhei em volta e notei que todos tinham se ajoelhado e curvavam-se em típico sinal de subserviência, naquele instante senti o que devia fazer, portanto levantei-me e peguei Akira em meu colo, que fora um pequeno grito de surpresa confiou plenamente em mim, levei-a até a beirada da praça e, pegando-a debaixo das axilas, ergui-a e em seguida bradei para que todos ouvissem:

- Hoje eu, Montecchio Richard, rei dos humanos reconheço e declaro que a nekomimi que seguro agora e apresento-a para vós – lentamente dei uma volta completa em meu eixo, ainda segurando minha amada no alto, de modo que todos pudessem vê-la – é a rainha de todos os seres vivos, de todas as raças, que nos guiará para a paz que todos desejam, que é conhecida pelo nome de Capuleto Akira! – coloquei-a no chão em seguida, pude jurar que a nekomimi ficou com uma aura rosa a sua volta.
- Irmãos! – Akira começou dizendo, levantando as suas patas para o céu e dizendo – queria dizer-vos que é chegada a hora que todos esperaram, façamos a paz! Porém tal paz não será possível enquanto um dos irmãos fizer o outro sofrer... – colocou então as patas juntas abaixo do queixo como se rezasse, continuando – sei que ambos os lados acusam o outro de erros e dores que ocorreram no passado, entretanto todos erramos! Vejam eu mesma! Numa vã tentativa de vingar-me do meu querido Richard – apontou então para mim – por algo que com certeza era um erro! – olhou para mim, convidando-me para falar.
- Sim, devido a eventos muito ruins que ocorreram comigo em uma época que deveria tomar uma decisão crucial, acabei dando uma ordem que causou uma dor e tristezas terríveis a esta pequena nekomimi – apontei então para Akira – pois levaram a morte trágica de sua mãe e seu pai se suicidar, sendo escravizada em seguida e sendo comprada por mim, porém asseguro-vos que foi completamente um erro meu e sem intenção!
- E eu acredito nisto! – Akira reforçou, continuando – tanto que agora que sei da verdade o perdôo, pois não só é nosso irmão como o amo de todo meu coração; por isto que – minha amada abraçou-me em seguida – mesmo cegada pela minha dor e ódio, não consegui machucá-lo... aposto que vós também não conseguiram ferir os residentes de Verona oeste pois muitos de vós tinham famílias com eles, fizeram-nos apenas prisioneiros, não estou correta?
- SIM AKIRA-SAMA! – responderam todos os nekomimis juntos, completamente em sincronia – PERDOE NOSSA IMCOMPETENCIA MESTRA! – todos nos olharam em seguida, fazendo-me arrepiar fortemente – MAS O QUE DEVEMOS FAZER MESTRA? DEVEMOS PERDOAR OS HUMANOS?
- Não só os humanos – Akira respondeu, olhando para a massa – mas a todos os que lhes causaram mal e dor, pois se ninguém quebrar o ciclo de ódio, ele continuará a ferir-nos vez após vez após vez... – abraçou-me então mais fortemente.
- ENTÃO O QUE DEVERIAMOS FAZER AKIRA-SAMA? – a massa perguntou novamente, olhando-nos com muita esperança no olhar – NOS MOSTRE UM EXEMPLO DE COMO DEVEMOS PERDOAR!
- Bem... – Akira pensou rapidamente  - como sabem ele aqui sem querer acabou fazendo eu perder minha mãezinha que amava muito, certo? – ao que todos apenas fizeram sim com a cabeça – bem, não só perdoei o meu querido aqui como... – corou instantânea e violentamente – queria... – foi então que ela disse algo como um sussurro, que não consegui entender o que era.
- Akira-chan minha querida, não consegui te entender, poderia repetir por gentileza? – pedi, afagando sua cabeça.
- Queria que o querido...  – Akira disse novamente, entretanto logo após dizer "querido" novamente sua voz tornou-se um sussurro.
- Akira-chan, amor de minha vida... novamente não consegui te entender, poderia repetir o que disse por gentileza? Pois deste jeito nem eles conseguirão entender-te! – roguei, afagando sua cabeça.
- Eu... Eu... – Akira começou a tremer levemente, por alguns instantes cheguei a pensar que estava a ponto de ser controlada novamente – eu... eu... – todavia momentos depois minhas preocupações se dissiparam quando olhou para mim, vermelha como um tomate explodindo de maduro e gritou – QUERIDO! AGORA QUE TE PERDOEI, QUER SER O REI QUE VAI GOVERNAR COMIGO, ASSIM PODEREMOS CUIDAR, VER CRESCER E EDUCAR A FUTURA PRINCESA DO MUNDO?!?!

Não precisei responder com palavras, apenas peguei sua pata e minha outra mão foi para as costas dela, gentilmente a inclinei um pouco e colei meus lábios aos dela, dando o beijo mais carinhoso e apaixonado que já tinha dado a ela em toda minha vida, como se despertassem de um transe todos os nekomimis aplaudiram e explodiram em uma ovação, gritando em seguida em uníssono, como se compartilhassem uma mente só:

- LONGA VIDA A RAINHA AKIRA-SAMA! – levantaram as patas, já com alguns punhos humanos se misturando a eles – LONGA VIDA AO REI RICHARD-SAMA! RAINHA E REI DE TODOS OS SERES VIVOS DA TERRA! – pararam por alguns instantes, como se pensassem um pouco e continuaram – VIDA LONGA A PRINCESA... PRINCESA... AKIRA-SAMA...  RICHARD –SAMA... COMO A HERDEIRA SE CHAMARÁ?
- Como ela se chamará...? – Akira se perguntou, olhando para mim em seguida, como se perguntasse a minha opinião.
- Será como quiseres minha querida! Confio em tua decisão – respondi sorrindo, olhando em seus brilhantes olhos.

A resposta não veio rapidamente já que Akira ficou pensando por um bom tempo perante os olhares atentos tanto de nossos súditos como os meus, todos esperavam silenciosa e pacientemente e até este momento lembro-me de como foi mágico quando finalmente chegou a uma conclusão; estava perdido entre estas memórias nostálgicas desde o primeiro dia que a conheci até hoje que nem notei quando ele se aproximou, apenas saindo do transe que elas me causavam quando disse:

- Graças a São Miau eu cheguei a tempo! – tocou então em meu ombro – vejo que materializou uma roupa simples! Importar-se-ia por que me dizer o porquê?
- Ser pontual nunca foi teu forte em amigo? – respondi voltando a realidade e olhando para o Leandro – bem, ainda faltam alguns minutos para acontecer, veja ainda conversa com os netos.

Apontei então para uma nekomimi com a idade visivelmente avançada que discursava para um grupo de adolescentes, adultos e um ainda maior de crianças, várias raças eram visíveis entre os presentes entre elas nekomimis, humanos, usagimimis, kitsunemimis e até inumimis; todos esperavam que a idosa nekomimi continuasse com a história que estava contando, foi então que um dos garotos nekomimis levantou sua pata e perguntou:

- Diga-nos bisavó Akira, como se chamou a princesa? – o garoto então abaixou a pata e aguardou a resposta.
- Calma meu pequeno bisnetinho! – a velha Akira respondeu, fazendo um sinal com a própria pata – apesar de ter contado está história várias vezes o direi novamente, nossa primeira filha recebeu o nome de Hikari Kybou, o motivo de termos dado este nome de família a ela foi por que queríamos que o nome de família minha mãe continuasse vivo em nossas memórias e quando a Kybou... – a senhora pensou um pouco e continuou – não sei precisar nem o porque uma palavra como essa veio a minha cabeça naquele momento, apenas senti que resumia perfeitamente tudo o que ela representava naquele momento!
- Bisavó! – uma garotinha humana levantou a mão – depois que a guerra acabou, tu e o bisavô Richard se casaram, o que aconteceu com todo mundo?
- Bem... – Akira começou a responder, parando para pensar um pouco – depois que a paz foi estabelecida e todas as raças se aceitaram como se fossem delas próprias, o mundo foi dividido em cinco partes, o Souza que se casou com uma ex-escrava e foi designado líder espiritual do antigo continente americano, o Soares apenas levou sua esposa para onde era a África e por lá ficou – Akira discursava sorridente, podia ver pelas suas lembranças que quase todas eram extremamente felizes – o Andrade foi para a antiga Oceania logo após casar-se com Dawn e Dusk, teve filhos com as duas e alguns deles estão aqui os representando já que estão com problemas de saúde e não podem viajar...
- E quanto à vovó Enmie e Enma? – perguntou uma garota usagimimi, após levantar sua patinha.
- Como elas pertenciam a raças menos comuns na época, usagimimi e kitsunemimi respectivamente, elas foram mandadas para Ásia para liderar e unir as diferentes e dispersas raças que lá fizeram morada e conseguiram muito bem o intento de uni-los a nossa sociedade – Akira sorriu, lembrando de uma coisa – lembro-me quando Richard doou sêmem para que tanto Enmie como Enma fizesse inseminação artificial e pudessem ter filhos, ficaram tão contentes quando eles nasceram!!!
- E como sobrevivemos mesmo a mini-era glacial vó Akira? – perguntou um adolescente kitsunemimi macho, que era neto de Enma.
- Na realidade, segundo a Chi – apontou então para a andróide – no ano seguinte novas medições apontaram para uma drástica mudança no cenário, tivemos apenas invernos muito rigorosos, o que foi superado devido a nossa união... – Akira agora tinha um olhar melancólico – a glaciação não ocorreu, por este motivo pudemos reconstruir nossa verdadeira família!
- Mãe, por que tiveste vinte filhos com o pai? – perguntou o filho humano mais novo de Akira, cuja idade era de quarenta e quatro anos.
- Pois os tempos eram outros, graças ao terremoto, precisávamos de mão de obra para reconstrução e povo para habitar os novos continentes, por isto foi incentivada a natalidade na época – Akira sorriu para o seu filho – agora que estamos estabilizando, não precisamos fazer tantos descendentes, apenas o quanto achamos conveniente... mas mesmo que não houvesse tal política o meu querido e eu decidimos que, enquanto a natureza nos permitisse, teríamos quantos filhos fosse possível, pois o amor que nutríamos um pelo outro era infinito, sendo o suficiente para dá-los a vós todos! – olhou então para todos os descendentes e finalizou – alguém tem mais alguma pergunta?
- Não, amada Akira-sama! – todos responderam em uníssono.
- Está bem então podem voltar com seus respectivos pais para minha casa onde teremos a festa para comemorar o casamento da minha mais nova e frágil neta, deixem-me apenas alguns momentos a mais aqui, está bem? – Akira pediu, sorrindo docemente em seguida ao ver todos os presentes fazendo uma rápida oração para a lápide que se encontrava a frente deles, saindo lentamente, um por um, pela lateral do local.
- Quase todos se foram... – uma senhora usagimimi realmente idosa disse, olhando para Akira – sei que faz isto todo ano Akira desde aquele fatídico dia, mas hoje sinto que não deveria deixá-la só, por isto eu e minha filha respeitaremos sua vontade, porém ficaremos por perto, está bem?
- Está bem Enmie e Rosa, compreendo perfeitamente e agradeço a atenção – Akira sorriu e afagou a cabeça de Rosa, filha mais nova de Enmie, já que gostava muito dela – a Enma não vem?
- Ela está um pouco atrasada tia Akira, acho que chegará em uma hora mais ou menos – Rosa respondeu, mesmo já com seus cinqüenta anos, ainda era muito bonita – mas vá em frente, a esperaremos o quanto for necessário.
- Oh não pretendo demorar-me tanto assim, apenas alguns minutos – Akira respondeu virando-se e caminhando em direção da lápide.

A passos lentos e sem pressa dirigiu-se até o local por onde todos passaram, sabia muito bem para onde minha amada ia, tanto o Leandro quanto eu fomos para a lápide também, sendo que permaneci do lado esquerdo dela e o Leandro lentamente foi desaparecendo, achando estranho que não ficaria para presenciar o que aconteceria em seguida, intrigado perguntei:

- Leandro, não ficarás para dar assistência a ela? – olhei então para o que restava de sua silhueta.
- Não será necessário, tudo o que ela precisa é de ti, apenas vim para checar se poderia vê-la novamente após tanto tempo sem deixar o desespero tomar teu ser – o Leandro respondeu, desaparecendo lentamente – quando começar, pode deixar-se ficar visível para as usagimimis, quem sabe talvez tenhas uma surpresa! – foi então que, tão logo terminou de responder, não podia mais ser visto.

Akira então chegou em frente da lápide, após apoiar-se e a muito custo, conseguiu se ajoelhar e olhou para o que estava escrito lá: "Aqui jaz Montecchio Richard, nascido em primeiro de março de mil novecentos e noventa e dois, falecido no dia vinte e um de janeiro de dois mil e oitenta e um"; foi então que notei ela colocando as patas, de pelos já embranquecidas pela idade, na altura de seus lábios começando então uma sincera e dolorida prece:

- Querido, no dia de hoje a dezoito anos atrás você deixava eu e este mundo para retornar para o mundo dos espíritos, lembro-me de suas ultimas palavras para mim como se fosse ontem "não queria... deixar o mundo tão cedo... mas sinto que a hora se aproxima... prometa que... enquanto lhe for permitido... cuida para que cada neto esteja encaminhado... principalmente a pequena... Nikita... que é tão frágil... A... Akira-chan... te amo... hoje mais do que ontem... a... ama... nhã... mais... do... que... h...o...j...e..." – pude então ver lágrimas começando a escorrer por seu rosto.
- Lembro-me disto como se fosse ontem... – comentei olhando-a  com doçura, sem ser ouvido.
- Hoje é a festa de casamento... que ontem foi no religioso... apesar de sua saúde frágil, achou alguém que a ama... e que cuidará dela como nós o faríamos e os pais dela também... já fazem dezoito anos que partiu... a cada noite eu choro de saudades querido... cumpri minha promessa que fiz a ti... será que demorará para que finalmente possa vê-lo? – lentamente se levantou e olhando uma ultima vez para a lápide, terminou a prece – eu... não consigo mais viver sem ti querido... dói demais... perdoe-me já que mesmo sendo descendente de Mewsus, eu ainda tenho sentimentos! Quero te ver querido... muito mais do que qualquer coisa nesta vida... – virando-se para as usagimimis que a esperavam.

Foi então que aconteceu, do lado espiritual cheguei até a ouvir quando seu coração deu uma batida que soou realmente estranho para mim, sabia que ha hora para a qual estava lá esperando chegara; Akira parou de andar logo em seguida e levou sua pata até o meio do peito, chegou a balbuciar algo como "que estranho, o que terei sentido?" porém, tão repentinamente como a primeira, uma segunda e muito mais forte anomalia em seus batimentos aconteceu, só que desta vez uma grande dor deve ter começado, pois gemeu de maneira alta e encravando as próprias garras no peito, ajoelhou-se começando a sentir muita falta de ar, Rosa foi a primeira a notar o que acontecia, gritando em seguida:

- Vó AKIRA! – correu então na direção dela enquanto sua mãe Enmie, já com noventa e cinco anos veio caminhando, pois não conseguia ir mais rápido – o que aconteceu?!?!
- M... Meu... peito... dói... – Akira respondeu entre uma arfada e outra, perdendo rapidamente o equilíbrio e caindo para o lado, sendo aparada por Rosa, que a segurou e colocou-a delicadamente deitada de costas no chão, examinando rapidamente com energia o peito dela – n... não consigo respirar! – deixou um lamento de extrema dor escapar por sua boca.
- Como ela está? – perguntou Enmie, no exato momento em que diminui minha vibração espiritual para que pudesse ser visível a elas.
- Acho que está tendo um ataque cardíaco!!! – Rosa respondeu, se preparando para aplicar energia bem no meio do peito de Akira – começarei o tratamento imediatamente mãe!
- Sim, apenas não se esqueça de... – foi então que olhou para frente e tenho certeza que pode me ver – deixe filha, o caso é bem mais serio do que parece – Enmie disse, fazendo sinais com a pata para que deixasse tudo livre, da maneira usual dela.
- Está bem mãe! – Rosa respondeu e deixou espaço para sua mãe tratar Akira, pois sabia que se ela pediu para cuidar pessoalmente do caso, com certeza era algo grave – acho que esse é um dos grandes, sorte dela estarmos por perto! – foi então que Enmie colocou a pata sobre o peito da nekomimi e aplicou uma branda e morna luz branca nele.
- A... Ah! – Akira disse, seus olhos ficando subitamente sem brilho, como se rapidamente estivessem perdendo a vida – já n... não dói... mais...
- Mãe? – Rosa perguntou, notando algo realmente estranho no comportamento de Enmie – a energia que está aplicando é sedativa para tirar a dor! Ela está no meio de um ataque cardíaco! Precisamos aplicar energia regenerativa agora mesmo!!! – franziu o cenho para a mãe e continuou – por que está fazendo isto mãe?!?!
- Você sabe muito bem o motivo filha... – Enmie respondeu, olhando para a minha direção – mesmo com nosso dom, há coisas que não podem ser mudadas... – foi então que tanto Rosa quanto Akira olharam em minha direção.
–A não mamãe!!! Não pode estar me dizendo que a Akira vai... – lágrimas começaram a correr por seus olhos – primeiro o meu pai Richard para aquela maldita doença e agora... ela?!?! – foi então que pode me ver também, fazendo o espanto aparecer em seu rosto – papai...?!?!
- Q... Que... rido? – Akira disse, já de maneira bem embargada pelo desenlace que se aproximava – o... onde... você... está? – olhou lentamente com aqueles olhos já quase sem vida para mim, sorrindo fracamente para mim e dizendo – o... oh... que... sa... u... da... d... e...

Senti que chegara a hora para a qual vim até aquele lugar, por isto caminhei até a frente da minha amada nekomimi e toquei sua pata, agarrando-a em seguida e gentilmente a puxando como se desse a mão para ajudá-la a se levantar, o espírito de Akira facilmente começou a se desprender da matéria e, momentos depois encontrava-se de pé a minha frente, toquei delicadamente sua testa, instantaneamente fazendo-a ficar da forma que ela sabia ser a que mais gostava, quando tinha quatorze anos e se vestiu da forma mais linda que a tinha visto em toda minha vida, quando se deu conta do que ocorrera disse:

- Desculpe a demora querido – abraçou-me em seguida, até sua voz era igual da que tinha naquela idade – estou um pouco atrasada... mas... senti tanto sua falta...
- Não somente ti sentiste muita saudade – respondi, olhando-a nos olhos e aproximando-me para beijá-la – estive te observando e protegendo este tempo todo para assegurar-me de que estaria bem sem mim...
- Estive bem... mas não foi nada fácil! – Akira disse, beijando-me longa e apaixonadamente em seguida, continuando tão logo o beijo se encerrou – mas agora estou contigo... ficaremos para sempre juntos?
- Sim minha amada, mas deve estar muito cansada, não é? – ao que Akira limitou-se a responder com um aceno de cabeça, esfregando seus olhos com as patas – então descanse um pouco minha amada.

Gentilmente a peguei no colo, tão logo o fiz ela colocou sua pata em meu peito e encravou levemente suas garras em minha roupa, como sempre o fazia quando a carregava daquela maneira, começando a ronronar em seguida; virei-me e comecei a caminhar na direção de onde o sol tinha nascido, então ouvi Rosa me chamar perguntando:

- Papai!!! Cuide bem... dela... – secou as lágrimas em seguida com a pata e continuou – realmente a ama do outro lado assim como o fazia aqui? Pretende ficar ao lado dela para sempre?
- Amo Akira desde o primeiro momento que nosso Pai nos criou como almas gêmeas... – respondi sorrindo, sabendo que começava a transportar-me para o outro plano de existência e que, para as usagimimis presentes, pareceria que eu brilhava e lentamente desaparecia – quanto a ficar com ela... asseguro-te que, enquanto for-me permitido pelo Pai Celestial, estarei ao lado da pequena nekomimi que é parte de mim – terminei de dizer, desaparecendo completamente e iniciando o caminho para a morada espiritual "Nosso Lar", onde começaríamos uma nova etapa de nossa existência juntos.

                                                                                                                                        Fim...?
Como terminou a história de amor entre Richard e Akira? Por que tenho a sensação de que isto não é realmente o fim?
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odairedez's avatar
Eu li o final hj mesmo pelo meu e-book. Desculpe ter parado de comentar tudo depois de ler, tava difícil pra mim comentar sempre, porque eu queria ler logo em seguida o próximo e ainda teve a complicação de tanto de provas q eu tive que fazer. aproveitei bastante essas minhas ferias que eu viajei pra terminar logo esta historia q estava pendente e eu louco pra terminar logo de ler ela. vejo que já tem continuação q são as correntes da dor. creio que eu vou ler sim. ^^

O único problema é q você matou personagem demais, eles deviam continuar vivos, n gostei de algumas personagens terem morrido em vão. E achei meio esquisito o final.. Não entendi 100%. Porém eu aprendi mto de amor tbm com essa historia. Algo que acho que n aprenderia com nenhuma outra historia e muitas pessoas podem ter uns 50 anos e n entender ao certo o que é o amor. Hj sei mto bem quem eu amo.

Um grande abraço, Nathy! =D